Já sabem o que fez o gabinete de Comunicação da Câmara Municipal do Porto? Para quem não sabe, convido-vos a ler a página 38 do Jornal de Notícias de hoje, 27/01/2008, todo o artigo de Germano Silva, mas principalmente o post scriptum com que o autor termina o artigo. Estou indignado, revoltado e não me canso de escrever o seguinte: tenho a certeza que a cidade do Porto fica, a autarquia portuense também mas as pessoas que lá estão e muito concretamente as daquele gabinete, vão dar à sola e darão lugar, certamente, a profissionais que respeitem os munícipes e, muito especialmente, pessoas como Germano Silva. Já todos temos conhecimento da antipatia visceral com que a CMP encara o JN. Mas daí até emitirem prosa que ofende um cidadão que muito tem feito pela cidade... Até nisso foram infantis. Escreveram-no e ficou registado. Se pensá-lo já era indigno, escrevê-lo é, então, de uma menoridade moral indescritível. E já li Victor Sousa em A Baixa do Porto.
Já por aqui referi que na nossa geração as transformações a todos os níveis sofrem saltos avantajados de gazela ou de lebre mateira. Se nos reportarmos ao nosso território notamos que gerações sucessivas andaram atrás do carro de bois numa pachorrice de não tecnologia como hoje a entendemos, mas de muitos outros saberes e de força humana. Só assim compreendemos as espectaculares heranças que nos deixaram em termos de monumentalidade. O mínimo que nos seria exigido era preservar todos esses legados mas infelizmente é um bota abaixo, ou indiferença, que dá arrepios. Já aqui abordamos as adulterações que fizeram no pedestal da estátua equestre de D. Pedro IV na Praça da Liberdade. E que dizer da aridez da actual Avenida dos Aliados onde o arquitecto baniu os “rodriguinhos”, leia-se, canteiros ajardinados e pôr aí uma coisa sem jeito, tanque de lavar a roupa ou noutra versão tanque para o gado beber. Abordei também já em notícia a recuperação da Casa Branca , Gondomar onde foi estabelecida a convenção de Gramido, cuja placa em azulejo no alçado com a data (1847) e o acontecimento foi banida.. Na terra das minhas raízes uma lápide em mármore lembrava a chegada da estrada com piso em macadame (1935), foi destruída há cerca de dois anos e até hoje ainda não foi reposta uma nova apesar de o utente destas linhas ter alertado, há dois meses, em carta a Câmara Municipal. É pena que não haja sensibilidade para a preservação das memórias pelos poderes instituídos que deviam ser os primeiros garantes.