Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

Olhar a ruralidade - Conto verídico

Estavamos nos princípios dos anos sessenta. As viagens entre a minha parvalheira e a civilização – cidade do Porto, eram quase exclusivamente feitas na carreira do “Escamarão”. Muita pouca gente tinha automóvel, era o tempo de: olha lá vai um...
Estou a lembrar-me de ver na minha terra os primeiros automóveis de gente, de dentinho de oiro, aparentando cacau, que já tinha mijado no mar, os torna-viagens chegados do Brasil.
Naquela altura tinha ido eu estudar p´ra padre num seminário de Vila Viçosa em pleno coração alentejano. Tinha lá uns segundos primos padres que sugeriram aos meus pais esse caminho, ainda hoje estou para saber se a minha vocação estava na cabeça deles!...
Só na viagem era um dia gordo em camioneta e comboio com várias mudas. Lembro-me que ia em terceira classe, havendo por conseguinte, segunda e primeira. Estou agora a pensar alto, que Salazar interiorizava o país em ricos, remediados e pobres. Actualmente parece que a coisa não anda muito longe apenas com a diferença que os “remediados” são os “entalados” e os ricos estão cada vez mais.
Bem, mas a viagem entre a minha terra e o Porto acontecia em autocarros que levavam também as malas, condessas, garrafões, cestas com galináceos e até bicicletas pedaleiras etc. dos utentes no tejadilho, havendo umas escadas exteriores geralmente na parte de trás do veículo. Quando chovia, um oleado cobria toda a mercadoria.
Então numa dessas viagens baldei-me ao pagamento do bilhete. E como? O cobrador, Senhor Sebastião, passou-me o bilhete para a mão mas entretanto foi chamado à frente pelo motorista. O certo é que não mais se lembrou de ir buscar o meu (dele) dinheiro, 20$00. Fiquei caladinho que nem um rato! E o pobre do homem ficou sem o dinheirinho que depois iria certamente repôr!...
Juro que estou arrependido do que fiz (ou do que não fiz) e pagaria hoje de boa vontade com bons juros esta  sonsa manhosisse! Como nunca tive jeito para dar golpadas, carreguei até hoje este pequeno affaire dos meus tempos de juventude.

Borrei-me por uma nota de vinte!...

 

   Fiquem bem, antonio