Pela ruralidade - O puto das chancas
Sacola de pano de serapilheira estampada com um cavalinho, às costas, lá ia o petiz de chancas, as da imagem são as sucessoras do utente, pois claro, cheio de nove horas para a escolinha. Os filhos dos caseiros iam de tamancos.
Lá em casa era o sermão do costume, que era preciso estudar para ser gente e fazer um brilharete. Os filhos de fulano nunca saíram da cepa torta, entrava-me pelos ouvidos, pois não conheciam uma letra do tamanho de um carro de mato e, por isso, andavam atrás do rabo das vacas!...
A professora, já aqui falei nela pela positiva, não era para tretas, a coisa era mesmo a doer. Na Língua Portuguesa a caligrafia, ortografia, o saber redigir fiava fininho. Cada erro, cada reguada.
Na Matemática era tudo levado aos extremos. Lembro-me que o caderno de problemas tinha nas últimas páginas as “soluções”. Pois eram surripiadas pela professora que não dava a mínima chance para palpites problemáticos.
E a História de Portugal era toda encornada e então era cá cada sabatina!...
Os trabalhos de casa também davam luta, eram feitos à noite à luz da candeia.
Na 4ª classe o exame era preparado com grande empenho e “glamour” quer pela professora quer pelos alunos. E era uma mais valia ir fazer o exame à sede do concelho, tendo o puto de chancas, que agora ia de sapatos e roupa nova, o privilégio de ir estrear uma caneta de tinta permanente!...
Fiquem bem, antonio