Crónica dois
Vai uma lerpinha II !...
Ó António! O que tu me foste lembrar: as célebres sessões de lerpinha nos intervalos das aulas. Eu acho que isto é digno de ser recordado, não é? Devo começar por dizer que os estabelecimentos de ensino de hoje têm (e ainda bem) todas os serviços que os utentes precisam: cantina, bar ou bufete, sala de estar ou de convívio, reprografia, etc, etc. É evidente que os mais novos interrogar-se-ão, neste momento, se alguma vez existiu alguma escola sem estes serviços. Pois, com um pouco de esforço imaginativo é capaz de se conseguir algum paralelismo. Assim, para começar pelo fim, podemos dizer que o serviço de reprografia funcionava no vestiário masculino. Mas é bom que se diga que estamos a falar da máquina de stencil e do tabuleiro de gelatina. A sala de estar e de convívio dos rapazes funcionava no mesmo vestiário. Dos rapazes? Sim, porque nada de misturas, pois embora houvesse uma única turma mista, a escola tinha porta de entrada e vestiários de meninas, de rapazes e de professores. O bar ou bufete era igualmente no mesmo vestiário. A cantina, essa era repartida pelo Marques da Alegria, pelo Café Corsário e pela Confeitaria Porto Santo. Quanto ao vestiário dos rapazes, que também funcionava de oficina de pequenas reparações, esse é que era o covil do lobo, esse é que me fez escrever esta espécie de crónica pois era aí que, nos intervalos das aulas, as sessões de lerpinha se desenrolavam. É evidente que não havia pano verde e que todos «casavam» a crouinha (os 50 centavos) da época ou quando era um a «casar» por todos, acho que se começava pela moedinha de 5 coroas (25 tostões ou 2$50). Mas destes valores saberá melhor o António. Eu só sei que me lembro dum célebre chapéu do carpinteiro. As sessões eram sempre muito acaloradas e até parece que os rapazes não podiam aproveitar os intervalos para conviver com tanta rapariga que por ali andava! É impressionante!
Saudações crónicas do Francisco.