Ecos da Escola - II
Em 1972 ainda não havia auto-estrada Porto-Lisboa. Estava eu no primeiro ano de professor a exercer na escola de que já aqui falei, junto ao jardim do Passeio Alegre, à Foz do Douro.
Perto do fim do ano escolar como era habitual organizou-se o passeio ao Portugal dos Pequeninos e às Ruínas de Conímbriga. A miudagem encarava com muita ansiedade estas saídas para fora da escola, e logo para tão longe!... Hoje as distâncias estão mais curtas como é sabido. As visitas correram na normalidade mas no regresso alguns alunos iam fazendo estragos. Então como foi?
Tinhamos parado as camionetas num descampado ao lado da estrada nacional para lancharmos professores e alunos. Estes na ânsia própria da juventude espalharam-se pelo pinhal que estava ao lado onde havia exploração de resina. Eis senão quando nos apercebemos que na brincadeira estavam a espatifar as tijelas acopladas aos pinheiros. De imediato os professores deram ordem para todos se dirigirem às camionetas e metemo-nos a caminho do Porto. Os estragos não foram por aí além porque o alerta foi dado a tempo mas a verdade é que a Escola ficou durante uns tempos à espera de receber alguma queixa sobre o prejuízo que os alunos tinham provocado.
Mas algum benefício resultou desta tramoia que os alunos por desconhecimento estavam a urdir. Assim no dia seguinte, nas salas, os alunos foram esclarecidos sobre aquela exploração de resina, sua finalidade e regiões do país onde é produzida. Foi pois uma aprendizagem que esses alunos certamente não mais esquecerão.
Os professores daquela altura não andavam atafolhados de papeis como a actual ministra parece querer impor sempre com a mira das estatísticas, podiam assim sem camisa de forças olhar o ensino numa perspectiva mais teórico-prático.
Fiquem bem, antonio