Histórias da guerra - IX
Estávamos em Angola, 1967, era uma das três frentes da chamada “guerra colonial”. A guerrilha estendia-se por todo o interior, era sustida pela nossa tropa que tentava controlar a situação. A pasmaceira nos aquartelamentos plantados na mata, no meu caso em Quicabo(Dembos), era pontualmente amenizada com uns dias de licença em Luanda que sabiam a pouco!...
Eu já por aqui disse que era um furriel do arame farpado, via a guerra nos papeis, nunca borrei de pó ou de lama na época das chuvas na picada, o camuflado que me estava distribuído. A pistola FBP também esteve de quarentena.
Quando ia passar uns dias a Luanda tinha forçosamente de me englobar numa coluna militar. Numa dessas viagens, lembro-me como se fosse hoje, ia cagadinho de medo não fosse vir uma perdida de trás de um embondeiro, enquanto o pessoal da picada habituados naquela rotina ia numa descontracção a falar da famelga lá de Trás-os-Montes ou da última madrinha de guerra, quiça namorada ou talvez não. O desconforto do Jeepão, duro como um chavelho, tinha a vantagem de ser mais resguardado de um possível ataque pois era baixo enquanto os “burros do mato”, alcunha dos Unimogs, eram um alvo mais visível. Além disso no jeepão ia o homem da mortífera basooka o que me dava um certo conforto.
A juventude dos militares, na casa dos vinte e poucos, era uma mais valia que ontem como hoje os cabos de guerra sempre souberam explorar!... Desse tempo resta a camaradagem que se tem perpetuado como provam os convívios militares que se realizam anualmente, agora alargados a filhos e netos!...
Fiquem bem, antonio