Olhar o Porto
Tinha-me inscrito no Pelouro da Cultura da CMPorto para o último passeio dominical de Setembro,na freguesia de Lordelo, sob a batuta do insigne mestre Helder Pacheco. Como sou um indivíduo de compromissos não hesitei, à hora marcada lá estava, apesar da noite ter sido chuvosa.
Logo à partida do Planetário, ao Campo Alegre, a Via panorâmica como é conhecida enche o olhar sobre o Douro, a ponte da Arrábida, a Foz e na outra margem a Afurada. Fizemos vista grossa quanto ao lixo que por lá vai enfeitando da pior maneira escarpa abaixo. Enfim é um extasiar de enchimento das baterias para a caminhada que se ia seguir.
Bairro da Arrábida encrespado na escarpa do mesmo nome e seguindo pela Rua da Arrábida onde o hoje cheira a ontem, resíduos da era industrial principalmente ligada aos lanifícios. Sempre por ruas estreitas, ora vielas e até carreiros fomos circundando e paramos a olhar para as problemáticas cinco torres do Aleixo, as tais "ilhas" ao alto como diz Helder Pacheco na sua sabedoria. Descemos ao Ouro, “aliviamos as águas” e “morfamos” algo no café pois a caminhada prometia, e subimos agora pelo Bairro das Condominhas até à Igreja de Lordelo do Ouro. A rua de Serralves cujo conhecimento está agora mais notório devido à Casa do mesmo nome e envolvência. Pelo meio uma casa do sec. XIX, à venda, tira um pouco de sono a Helder Pacheco. Foi residência do grande historiador Pinho Leal, uma placa no alçado lembra esse escritor que travou correspondência com Camilo. Chegamos a Serralves e ficamos a saber que aquele nobre espaço de que o Porto se deve orgulhar foi salvo “in extremis” da especulação imobiliária, ao ser comprado pela secretária de Estado Teresa Patrício Gouveia no governo de Cavaco Silva. O Porto ganhou, e nós também ganhamos com mais este naco de saberes que o Dr. Helder Pacheco nos proporcionou sobre Lordelo do Ouro.
Fiquem bem, antonio