Pinceladas de Verão
Creio que foi no governo Cavaquista ou Guterrista, mas para o caso não interessa, que foi tentado imbuir na comunidade civil – empregados e empregadores, as férias diluídas ao longo do ano. A ideia peregrina era boa para evitar toda a correria para o “Allgarve” no mês de Agosto. A coisa não foi avante e então é mesmo neste mês que o portuga bicho careta vai esticar o pernil ao Sol. Bem, digamos que este ano não fui na onda e então segui as intenções desses governantes, por quem não morro de amores, e escolhi o Setembro para pôr o cu ao Sol. Mas dito assim não pensem que fui descascar-me para a praia do Meco, andei um pouco mais para sul e parei em Albufeira.
Bom tempo aliado a uma temperatura de água do mar muito aceitável é um chamariz para toda esta avalanche de nórdicos que na terra deles só têm a chuva, o nevoeiro e a frescura às vezes gélida. Albufeira já me era familiar de outras andanças e mais uma vez constatei que a grande comunidade inglesa deixa em grande minoria os veraneantes lusos. Com o bom nível de vida que usufruem e a rapidez com que voam para o Algarve deixam a quilómetros a apetência dos portugueses. Escusa o ministro Pinho lançar na Inglaterra a campanha promulgativa sobre o “Allgarve”, tinha sido cancelado o seu lançamento a quando do desaparecimento da menina de Lagos que na altura se pressentia ter sido raptada, agora parece que a investigação vai noutro sentido.
Neste Portugal dos pequeninos fico gélido neste calor algarvio ao ler os periódicos J.N. e Correio da Manhã cujas manchetes sobre as consequências da entrada em vigor do novo código do processo penal. A libertação imediata de violadores de crianças e de homicidas por um lado e por outro um alijar das golpadas dos partidos do poder e da oposição, deixam-me perplexo, sem ar, entregue à bicharada. A vergonha não chegará aos fazedores destas leis?
A febre das intervenções profundas das praças parece que alastrou do norte ao sul. Aqui em Albufeira, no âmbito do programa POLIS, assim também aconteceu, a paranoia de substituir jardins floridos por monolíticos pisos de calcário. O vigilante da exposição de fotografia dos anos 50 e 60 de Albufeira “Tempos que passam... Recordações que ficam...” de Vitor de Sousa na galeria de arte Pintor Samora Barros, desabafou que não há ninguém em Albufeira que goste desta intervenção. Eu não seria tão taxativo, certamente que os seus autores devem fazer um esforço para gostar das alterações. A minha réplica foi, vá ao Porto e veja o que por lá também tem sido feito! Ah, já me contaram, disse o algarvio!...
Fiquem bem, antonio