As travessuras
O Sr. António ainda tem carro de vacas, mas não tem animais para o puxar ( na minha terra ainda hoje se denomina, carro de vacas, eram estas que o puxavam pois tinham a dupla vantagem económica de também darem as crias), e então nesta altura acautela-o a sete chaves.
É nesta quadra do S. João que na minha aldeia a rapaziada se entretem a fazer umas ancestrais maroteiras. Em que consistem? Normalmente nas pequenas terras o centro cívico situa-se junto à Igreja que tem à volta um logradouro. É para aí que os moços levam durante a noite os trofeus das suas travessuras. Então os carros bem como utensílios agrícolas (arados e grades) e vasos de flores são levados pela calada da noite. Duma vez levaram um bezerro preso a uma corda que ataram ao badalo do sino da torre da Igreja, tendo colocado à beira do animal uma facha de palha. Já estão a ver o filme, o bovino a comer a palha e a tocar o sino!
Mas a história mais pitoresca que já em jovem ouvi a velhinhos de altas barbas dizia que determinado rabugento lavrador querendo proteger o seu carro deitou-se no chadeiro. Como estava cansado dos trabalhos agrícolas entregou-se a Morfeu de tal maneira que a rapaziada pegou no carro e foi colocá-lo numa poça (cisterna de terra batida para empresar água de rega). Dizem que o homem só acordou quando a água da nascente foi enchendo a poça e lhe chegou aos pés!...
Esta é de facto uma história com barbas e daí vocês podem tirar as vossas conclusões sobre as travessuras.
Fiquem bem, antonio