Só não conhece melhor a cidade do Porto quem não quer. Não me canso de repetir esta frase. E uma das pessoas que melhor conhece a cidade do Porto é, sem dúvida, o jornalista, escritor e historiador Germano Silva. Não ler as suas crónicas e não ouvir as suas histórias é um erro grave que só é praticado por quem não quer conhecer melhor a cidade do Porto. Esta possibilidade de fazer uma «Viagem pelo São João no Porto» é um privilégio que nos é oferecido pela plataforma do Jornal de Notícias. Por achar que é imperdível e por crer que é uma mais valia poder aceder sempre que quiser ao testemunho que Germano Silva nos quis deixar, aqui quero partilhar convosco a ligação. Basta clicar em cima do manjerico pretendido, ter o som ligado e ouvir a explicação. Saudações sanjoaninas do Francisco.
É hoje! Chegou o grande dia da grande noite! A noite mais longa do ano (pelo menos para mim que sou tripeiro). E estou de partida. Sim. Com a Esmeralda, começaremos dentro de minutos por saborear nas Fontaínhas a ementa pré-definida, passaremos de seguida ao visionamento do fogo de artifício e regressaremos a casa depois de uma passagem pela Avenida dos Aliados. Espero encontrar-vos entre a multidão para vos dar a habitual martelada. Não vou, contudo, sem vos desejar uma noite de folia, diversão e liberdade total de expressão e pensamento.
A mão amiga do Sr. Maurício Branco colocou-me em mãos um livro que nos ajuda a reviver o S.João no Porto. Trata-se de um guia turístico do Porto, por Noel de Arriaga, edição de 1965 e diz, a páginas 18:
"Festas Populares - Talvez não deva, sem falsear a verdade, afirmar-se que a população do Porto demonstra, no seu viver habitual, vincada exuberância de alegria, embora essa alegria interiormente possa muitas vezes existir.
O facto tem origem na fisionomia um tanto grave da sua gente, na tradicional solenidade dos costumes, no ambiente de trabalho que por toda a parte se vive e se respira.
No entanto, durante as festas dos santos populares (sobretudo na noite de S.João, de 23 para 24 de Junho) o Porto como que «perde a cabeça» e sai inteirinho para a rua, onde a festa é movimentada e rija!
Toda a cidade se transforma então num autêntico mar de luz. Milhares de lâmpadas coloridas formam vistosas decorações de saboroso engenho.
E dança-se e canta-se numa alegria esfusiante.
Rapazes e raparigas, velhos e crianças enchem por completo avenidas e largos, ruelas e pátios, onde bandas de música improvisam bailaricos saltitantes e bandeirinhas de mil cores se agitam em alvoroçado estremecimento.
Nas Fontaínhas é tanta gente que se torna difícil romper. Entretanto, os foguetes estalam, riscando o céu e morrendo em pequeninas síncopes de luz.
Barracas de «comes e bebes»; os tradicionais Zés Pereiras; as orvalhadas; verdes manjericos onde sobressaem cravos de papel, aos quais estão presas deliciosas quadras populares.
E a alegria domina e cresce; os namorados ajustam as mãos numa promessa fugaz; e o céu parece reflectir a exuberância daquelas noites em que, por milagre piedoso de S. João, até os pecadilhos se perdoam e os beijos de amor não passam de simples beijos de amor...
Ao romper da madrugada, extinguem-se ainda os últimos ecos da festa rumorosa, e, nos copos de vidro grosseiro ou nas canecas de loiça, seca a derradeira gota de vinho que alegrou os corações e retemperou as forças."
Uma das tradições do S. João do Porto é a construção de cascatas sanjoaninas. São duas das cascatas mais premiadas no concurso organizado anualmente pela Câmara Municipal do Porto que aqui quero partilhar convosco. Os arquitectos das mesmas são o Sr. António e o Sr. José Marinho. As obras-primas de imaginação sanjoanina destes dois exemplos de simpatia podem ser apreciadas no Bairro do Carvalhido, freguesia de Paranhos, Porto (bairro da caramila para os mais antigos). É um património que não devemos esquecer e uma das formas de o fazer é visitá-las. Aqui vos deixo uma pequena amostra.
Em direcção ao S. João, continuamos na recta final. Quero partilhar convosco alguns aspectos da festa maior da cidade do Porto. Para tal, há que recorrer aos que mais sabem. Hélder Pacheco está, sem dúvida, entre esses.
Em direcção ao S. João, entrámos na recta final. Quero partilhar convosco alguns aspectos da festa mais democrática que se pode imaginar. E nada melhor do que ouvir quem sabe. Foi o que fiz. Podem ler no Jornal de Notícias de 17 de Junho de 2007, a páginas 30 e também podem ver