Pela ruralidade - CLXXXIV(A loja do capador)
A loja do capador e outras extintas profissões
As transformações sociais na geração a que pertenço são decorrentes de uma evolução a todo o gás em todos os níveis. Durante centenas de anos o status quo manteve-se inalterável, os dias sucediam-se às noites e as profissões eram as mesmas de sempre. É assim que quero chamar a terreiro todo um rol de profissões que já na minha geração se esfumaram. Uma terra pequena, a das minhas raízes, nos contrafortes do Montemuro já a raiar para o vale do Paiva, tinha dois sapateiros e aqui quero referir que faziam e consertavam todo o tipo de calçado. Uns sapatos que tive quando andava no seminário foram feitos por um desses sapateiros. E aqui mais uma curiosidade, cozia as lombadas dos livros escolares, quando estes passavam de irmão para irmão ou vizinho.
Dois gigueiros, cuja matéria prima eram as varas dos rebentos nas touças de castanheiros.
Um capador que andava montado na sua mula, pelas terras vizinhas na capação, sobretudo de suinos. Tinha uma venda que era conhecida pela loja do capador pelas redondezas. A venda já não existe mas o sítio mantém ainda essa designação ad eternum.
Um funileiro que consertava todo o tipo de latoaria.
Um soqueiro que tinha sempre muito trabalho pela frente. Socos de amieiro com tachotes para o desgaste ser menor, bem como umas testeiras.
Um ferreiro que fazia todo o tipo de trabalho ligado ao ferro.
Tecedeiras que acumulavam esta arte com os trabalhos agrícolas.
E se recuarmos ao tempo dos meus antepassados temos o ferrador e o albardeiro, quando o meio de transporte para as feiras e festas das redondezas eram os equídeos.
Mais profissões certamente existiam, estas foram as que agora me vieram à mente.
Ant.Gonç.(antonio)