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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

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Pela ruralidade - XXXII (A última lavoura)

Só quem apalpa o meio rural de Portugal se apercebe do estertor lento da agricultura que se agravou com a entrada na comunidade europeia. Durante séculos a riqueza estava na terra, do seu amanho brotava tudo aquilo de que o país precisava, as fronteiras eram rígidas e não deixavam entrar os produtos ao preço da uva mijona na defesa do que cá se produzia.
Na minha santa terrinha cresci a ver em todos os campos ou pequenas leiras terras de pão. Era tudo fabricado com a força braçal do homem auxiliado pelo vado vacum, agora é o que se sabe, está tudo abandonado ou em vias disso. Lavradores quase já não há, só um ou outro idoso ou algum cabaneiro, que não conseguiu ainda o rendimento social de inserção ainda lidam com a terra. É o caso do Sr. Manuel que este ano passou a fabricar terra de um carro de milho no campo do Rego do Meio. No dia anterior, logo pela manhã ele e a patroa cadabulharam as bordaduras e de tarde, como só pensa uma vaca, pediu a outra ao vizinho e acarretou o estrume na sebe do carro descarregando-o aos montículos no campo. Já ao fim da tarde vem o filho que trabalha na construção civil e ajuda a espalhar o estrume que tinha sido fermentado na corte. Na manhã seguinte logo ao aparecer a primeira claridade, já as andorinhas andavam nuns chilreios de vai e vem para os ninhos que estavam no alpendre, apõe as vacas ao arado que já estava no campo, começa então a virar a terra. A mulher à sôga, ele na rabiça com uma mão em cada haste e na direita ainda levava uma aguilhada. Leiva após leiva, chegados ao fim, há que agràdar para o terreno ficar receptivo à sementeira. O trabalho de maior canseira estava finalmente acabado e enquanto o senhor Manuel pegava no saco para espalhar a semente, a patroa foi a casa aquecer o caldo de couve galega com uns bocados de carne de cevado pelo meio, cuja matança tinha sido há uma semana à revelia da ASAE ( como é para consumo próprio não há problema).
Lavoura feita agora o senhor Manuel vai ver despontar o milho, ralear, sachar, empegar, cortar-lhe o pendão, escochar, desfolhar, secar, malhar, ensacar, moer e finalmente já em farinha “cozer o pão” – fim último de toda a azáfama!...


A minha simpatia para os trabalhadores da terra!...
 

                                                                         (antonio)