Último domingo do mês. Tinha dois programas e com pena minha tive de abdicar de um. A visita à cidade do Porto, mais propriamente na freguesia de Lordelo ciceronizada pelo historiador Germano Silva, um comunicador que sabe da cidade que até chateia, foi preterida pela ida à festa anual na terra das minhas raízes - romaria do Sr. dos Enfermos que se realiza sempre no dia de Pentecostes, em Macieira, freguesia de Fornelos, Cinfães.
Não vou aqui falar da romaria que tem um figurino idêntico a outras que se realizam em todas as terras. Ornamentações, foguetório, carroceis, cavacas e cavaquinhos, roscas e rosquilhos etc. e claro a santa missa campal com um sermão em bom vozeirão, a ouvir em todo o arraial e arredores, para pôr em ordem a fé do povinho.
Então do que vou falar?!...
Quando cheguei à santa terrinha, cerca das 10 horas, já estava o cavalo no quinteiro do vizinho com os arreios no lombo e preso pela corda a um canto. Quem era o cavaleiro não me interessou, palpitou-me que era alguém da serra que veio à festa, mas ao fim da tarde, cerca das 19 horas, chega junto do animal uma senhora idosa que vinha dos lados da romaria. Eu como estava por ali não resisti a ver a cena e meti conversa, (no meio rural meter conversa com um desconhecido é natural).
- Então a senhora deixa aqui o animal todo o dia sem uma faixa de palha?!...
- Ele já está habituado. Quando chegar a casa vai comer, respondeu-me a idosa.
Entretanto a senhora traz o cavalo pela rédea para junto de uma escaleira e monta com uma leveza que a mim e a outros que por ali estavam nos deixou boquiabertos. Aqui não resisti e perguntei-lhe:
- A senhora que idade tem? (Se estivesse em presença de uma dondocas não colocaria a questão, as pessoas na aldeia são mais naturais).
- 75 anos, vou embora para Cristelo que fica acima de Vilar de Arca, pertence à freguesia de Piães, concelho de Cinfães. E acrescenta, não posso andar de carro, enjoo, então venho no cavalo.
- Até ao ano senhores, despediu-se a madura fresca cavaleira, picando o cavalo que a trote desapareceu na primeira encruzilhada do caminho!
E agora os eventuais leitores deste arrazoado acreditem se quiserem. Do citado lugar de Cristelo à romaria da minha terra é seguramente mais de uma hora em cima da montada e no regresso igual tempo, por estrada e caminhos rurais. Fantástico!...
No último sábado de maio de 2012, dia 26, realizou-se o encontro comemorativo do 41º aniversário do curso de 1969/71 da Escola do Magistério Primário do Porto. A comissão organizadora, desta feita do concelho de Lousada, composta pelas colegas Delfina Campos, Isabel Pimentel e Manuela Guimarães, agendou para as 10h00 a concentração, junto às piscinas municipais e ocupou a manhã com visitas ao complexo desportivo, à Ponte Romana, à Igreja de Aveleda e à "Torre dos Mouros" (Torre de Vilar). Estas visitas foram realizadas dentro de um autocarro gentilmente cedido pela autarquia. Todavia, é de salientar a receção que nos foi efetuada nos Paços do Concelho, pela Senhora Vereadora. O repasto aconteceu na Quinta de Ribós, Vilar do Torno. Aqui fica a minha humilde colaboração. Quem desejar que as suas fotografias deste evento sejam acrescentadas a este álbum, basta fazer o envio das mesmas para [franciscodocovelo@gmail.com].
O jardim do Passeio Alegre na Foz do Douro é um dos sítios mais emblemáticos da cidade. Como trabalhei na escola que fica mesmo ali ao lado, quando fui professor, conheço bem aquele local, que foi no passado e continua a ser um dos locais mais in. O belo chafariz, o centenário café Suíço que tem lá no alto o carneiro, imagem de marca, os obeliscos de Nazoni, os centenários sanitários motivo deste post, e o enquadramento arbóreo, são motivos para uma visita, isto para não falar no castelo mesmo ali à mão de semear!...
Ontem passei por lá e necessitei dos serviços desses WC da belle époque.
- Ali é grátis e acolá são 0,20€, elucidou-me o funcionário.
- Faz favor, aqui estão os 20 cêntimos. O zelador como bom servidor da CMP, entrega-me o ticket devidamente numerado e identificado com letras mais ou menos garrafais, SENTINAS 0,20€, CMP, isento de IVA.
Na modernice diz-se WC, que é mais kitsch, e quartos de banho, mas nos meios rurais emprega-se mais a docilidade de “casinhas”, já “latrinas” e “retretes” quando o asseio ou comodidade não está subjacente por aí além. Há ainda outros nomes populares que me abstenho de aqui referir, por questão de não baixar a fasquia de uma linguagem aceitável.
À parte toda esta nomenclatura, à primeira, “Sentinas”, estranha-se mas logo a seguir entranha-se devido ao enquadramento dos “serviços”.
A CMP que tem acabado com vários locais onde os cidadãos se podiam aliviar, nestas “Sentinas” continua a ter as portas abertas e com pessoal zelador quer na parte masculina como na feminina. E ainda bem pois temos ali um ex-libris que é de preservar e mostrar, até para turista ver. Quem não conhecer até poderá pensar que estou aqui a tangar, mas não, aquilo já é histórico.
Eu já conhecia, mas decidi partilhar o meu conhecimento com dois amigalhaços aqui do Porto, um do tempo da tropa, outro engenheiro de profissão, que foi na EDP.
- Vamos a Mirandela de comboio? É uma viagem espectacular!...
Tudo combinado, lá vamos os três, apanhamos o comboio em Campanhã e logo ali o nosso olhar vai para o exterior das carruagens, todas grafitizadas. Parece que estamos condenados a estes sinais dos tempos. No entanto assunto menor, pois a viagem a acompanhar o Rio Douro a partir de Mosteirô é paradisíaca. Mas o melhor estava para vir, após o transbordo na estação do Tua para a linha com o mesmo nome de bitola estreita. E aqui começava a espectacularidade, na minha óptica em duas vertentes, a paisagem soberba e o canal da linha ora escavada na rocha ora suspensa em varandim sobre a margem do rio Tua. Os meus amigos ficaram-me imensamente gratos pela minha sugestão desta viagem. Chegados a Mirandela, almoçamos e o regresso ao Porto foi de camioneta que até era mais barato. Pouco tempo depois desta fantástica admiração paisagística que usufruímos alguns acontecimentos trágicos deram-se nesta linha que de certo modo vieram dar um alibi para o encerramento total com vista à construção duma barragem perto da foz do rio Tua.
E agora que a tal barragem já está em marcha veio a Unesco alertar para o risco do Alto Douro ser desclassificado como património da humanidade, (na altura a quando do pedido, esta obra que já estaria riscada foi escondida) pois é uma nódoa que vai alterar uma parte significativa da região.
A barragem foi decidida pelo anterior governo que tal como auto-estradas, aeroportos e TGVs era sempre a abrir!... O actual governo apesar de ter feito negas a algumas destas megalomanias deixou arrancar a barragem que pelo que se tem dito os benefícios serão diminutos em relação aos custos, se for avante.
E agora o meu desejo, (este é o desejo de quem teve o privilégio de passar naquela linha) é que a Unesco seja implacável na decisão, que não se deixe iludir com manobras dilatórias de cosmética deste ou daquele arquitecto galardoado a ver se a coisa passa. As gerações vindouras não perdoarão estas malfeitorias à beleza daquela região pelos senhores que de Lisboa riscam sem ter em conta as consequências.
Fala-se que andamos a viver acima das nossas possibilidades e daí cairmos agora numa situação difícil que se irá arrastar por alguns anos, ninguém arriscando quantos.
Se recuarmos umas décadas temos ainda bem presente Marcelo Caetano numa das suas conversas em família na TV, dizer aos portugueses que estávamos no tempo das vacas magras, era preciso que os portugueses tomassem conta dessa realidade. Depois veio o 25 de Abril de 1974 e a seguir a entrada, na mesa dos ricos, a Comunidade Europeia, donde veio muito graveto para o desenvolvimento do país mas como se sabe tudo se esfumou. Fizeram-se obras, muitas auto-estradas, é certo, algumas com tráfego reduzido que não as rentabiliza. Ao nível da produtividade as coisas falharam. Os nossos governantes dos mais variados quadrantes políticos foram mornos, só sabiam engodar o povo dizendo que estávamos a chegar ou já no pelotão da frente, referindo-se aos mais poderosos da Europa. Agora estamos na cauda da Europa e não vai demorar embarcarmos no carro vassoura. O despesismo foi muito sem retorno.
Estou a lembrar-me do sentimento económico que os da minha geração tinham no passado. Se se comprava um Citroen Dyane, como foi o meu caso, em segunda mão, era abordado por este ou aquele constatando a economia de combustível do calça arregaçada, elogiando-me na escolha. Naquela altura o Dyane era o mais económico de quatro rodas, era pois uma mais-valia. Tenho também presente, um pouco antes do 25 de Abril, um colega de curso, cinfanense que leccionou durante algum tempo aqui em Gondomar, ter-me dito que o seu Fiat 127 só gastava xis aos cem de Cinfães a Gondomar mas que para isso desligava o carro no cimo da extensa descida desde Greire(C. Paiva) até à ponte de Entre-os-Rios, a fatídica, segurando o carro com o travão. Claro que isso hoje era impensável em termos de segurança e inviável mecanicamente. Falo aqui nestes casos como prova da mentalidade económica que todos tínhamos interiorizado.
Neve no Porto, no mês de Maria não é assim muito vulgar, mas as alterações climáticas surpreendem-nos como se viu durante este Inverno sem praticamente uma gota de água vinda lá de cima.
Não, não é neve. Mas se fosse diríamos que todos os anos nesta altura por cá nevava. São uns choupos canadianos que lançam estes polens que causam problemas respiratórios a muitas pessoas. Já há uns anos que está proibida a sua plantação nos arruamentos, não se percebe é como a CMP ainda não mandou abater estas indesejaveis árvores que além do mais são pródigas a rebentar passeios.
Caríssimas colegas É especialmente a vós que me dirijo. É sobre o nosso encontro em Lousada, comemorativo do 41º aniversário do nosso curso. E porquê a vós, colegas de curso do sexo feminino? Por causa dos tacões altos dos sapatos. É só para vos tranquilizar e dizer que as nossas visitas culturais durante a manhã, são feitas de autocarro, gentilmente cedido para o efeito pela autarquia de Lousada. Agradeçamos, pois, ao município de Lousada e ao seu Executivo: MUITO OBRIGADO.
Para mais esclarecimentos, façam o favor de contactar a Comissão Organizadora.
11 de Maio. Durante todo o dia o sol não se viu, mas um calor abafado obrigava os trabalhadores que me andaram a fazer uns trabalhos a de vez em quando beberem umas golfadas de água cristalina da nascente. Este é um privilégio que se usufrui no meio rural, pois que nas cosmopolitas cidades é água engarrafada a pagantes ou da Companhia, como se diz, e que também nos sai do bolso.
Uma outra virtualidade, ganhadora aos citadinos, é sentir a natureza nos mais variados cambiantes. Hoje andei por lá, e já ia com esta afiada, ou agora ou nunca. O cuco já se fazia ouvir, pois claro. O tempo estava de feição para o pardacento filho dum gaio cucar. E assim as profecias do meu vizinho acerca do cuco mais uma vez caíram por terra, sobre a não vinda. Já quanto ao atraso tudo fica em aberto. E as andorinhas, que já são minha pertença pois todos os anos nidificam no alpendre, essas também finalmente já andam na azáfama de reconstruir os ninhos. É um vai vem constante com os seus alegres chilreios logo de madrugada ainda com o lusco-fusco.
Aos sinais da natureza estas aves estão atentas. Só aparecem quando o tempo lhes é favorável. Têm um feed-back apurado nestas circunstâncias.
Um caso curioso sobre estas duas espécies. As andorinhas e os cucos, mas há mais, chegam ao nosso país na mesma altura, no entanto as primeiras ficam por cá até Setembro, já o malandrão do cuco pira-se muito mais cedo, em Junho ou Julho.
É já no próximo dia 26 do corrente mês de maio que terá lugar o nosso encontro comemorativo do 41.º aniversário de curso. Hoje, dia 10 de maio de 2012, é o último dia para efetuar inscrições. De acordo com o que consta do programa que recebemos, a comissão organizadora precisa de saber até 10 de maio quantos seremos no nosso encontro. É reconhecido que um evento destes requer uma logística afinada e isso só se consegue com tempo. Nesse sentido, colegas, ajudemos as colegas da comissão organizadora, enviando o mais rapidamente possível as nossas inscrições ou falando com outros colegas que ainda não o tenham feito. Eu já me inscrevi. Então até lá.
As massas mais uma vez desceram à Praça da Liberdade. Não era 25 de Abril nem o primeiro de Maio, muito menos vinda do Papa. Era o cortejo da queima das fitas dos estudantes (doutores se faz favor) do Porto. Passei pela Baixa e desta vez não eram as massas trabalhadoras em manifestações mas sim as massas familiares, e um ou outro curioso como eu, que para ali se deslocaram para dar os parabéns ao seu ente estudantil.
- Ó mãe eu também quero ver os doutores!... Dizia o puto, irmão mais novo dum dr. que andaria por lá metido no meio do cortejo.
- Eu não "beijo", mãe, eu não "bejo". A progenitora que já tinha vindo de S. Pedro da Cova, estava mais interessada em visionar o seu "doutor" no meio de tanta cartolada: cala-te, ainda te mando uma galheta.O pobre do chavalito que tinha vindo ao mundo no fim da fertilidade maternal, era um pouco anafado. O avô que também estava por ali metendo conversa com um conhecido de ocasião, cacimbado da guerra colonial, pegou no rapaz, pesado como chumbo, e à falta de melhor colocou-o num degrau da entrada da Igreja dos Congregados. O progenitor estava ausente por deveres profissionais.
- Abô ele num bai ali, aqueles são todos amarelos e a cartola do mano é azul, côr do Porto!... Tem calma Zéquita, atalhou o solicito avô, ele há-de vir empoleirado na camioneta da faculdade embandeirada de azul e vai-te acenar.
- Ah!...
É sempre assim todos os anos. Trânsito cortado em toda a Baixa, polícias mais que muitos, e encartolados embengalados felizes num dia especial. E o S. Pedro também deu uma ajudinha, depois de uma manhã chuvosa, a tarde esteve à maneira.