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Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

Magistério6971

Os autores deste jornal virtual apresentam a todos os visitantes os seus mais cordiais cumprimentos. Será bem-vindo quem vier por bem.

O meu primeiro amor sobre rodas

Portugal estava a braços com a guerra colonial em três frentes, Angola, Moçambique e Guiné. Os navios Vera Cruz e Niassa andavam num vai vem carregados de tropas entre o Cais de Alcântara e Bissau, Luanda e Lourenço Marques. Eu fui mais um entre tantos que disse à família: adeus até ao meu regresso.
Das” histórias da guerra” (crónicas de I a XIV) já neste blog desenvolvi algumas facetas do teatro de operações. Se no primeiro ano da comissão em Angola senti o afastamento da civilização em plena mata, onde os turras espreitavam, já no segundo ano em que estive no Ambriz, cidade à beira mar, só por isso foi quase como passar à peluda. Então aproveitei para tirar a carta de condução, havia lá uma filial duma escola de Luanda com um único carro, um oldsmobile, que tinha como clientes maioritários rapazes da tropa. A auto estima com a carta na mão ajudou-me a passar melhor o tempo que restava para o dever cumprido.
Quando regressei ao puto, tirei o curso e só após alguns anos comprei o meu primeiro carro em segunda mão. Era um carro económico, dizia a publicidade “gasolina mal precisa e oficina nem pensar”, e com várias valências de levar as alfaias agrícolas que me são caras, sacholas, engaços, forquilhas etc… e “lá vai a D. Maria no seu belo carrinho, leva os meninos à escola e faz as compras pelo caminho”. Estou a falar como já se percebeu do Citroen Dyane um calça curta que superava muito chasso que na altura havia. Como sou fiel de cultura tradicional, quando o veículo começou a ganhar ferrugem nas partes íntimas, na altura os carros tinham muita chapa, despachei-o e comprei outro e mais tarde ainda outro, este novinho em folha!...
Como me sentia feliz no passeio até à Foz ao domingo, apanhar a maresia na venta e as melenas a esvoaçar, a ser olhado pela sopeirada, levava a capota levantada!...


Glossário:
Turras – terroristas na nossa óptica da altura
Puto – nome que davam com bonomia os brancos e pretos de Angola à metrópole
Passar à peluda – passar à disponibilidade
Lourenço Marques - actualmente, Maputo

 

  Fiquem bem, antonio

Boas vindas

Para ti, Rosa Esperança, esta flor. Sê bem-vinda. Sê bem-vinda ao nosso blog. Este é, realmente, um espaço que podemos tornar numa forma de interagirmos. E vejo com satisfação que isso está a acontecer. Está a acontecer porque a Benilde se está a encarregar - e muito bem - da parte lúdica à qual, tu respondeste em comentário. Todavia, o teu estatuto de colega de curso, mais a tua vontade em colaborar demonstrada nos comentários, mais a tua capacidade de compor versos, merece o direito de te tornares autora deste espaço e, assim, poderás publicar na primeira página deste nosso jornal virtual. Basta ires ao blog, clicares em «Participe neste blog» e seguires os passinhos. Também podes fornecer em comentário o teu endereço electrónico e terei todo o prazer em enviar-te um convite. Como queiras. Mas junta-te a nós, por favor. Saudações tripeiras do Francisco.

Frase do dia

"Se ele tinha hipótese de comer uma sardinha fresca não ia comer uma velha"

 

(Frase de um cliente do café da terra, paróquia de Carvalho, Celorico de Basto sobre o enlace do jovem padre com a ainda mais jovem Fátima de 18 anos), JN de ontem.

 

   (antonio)

Pela ruralidade - XLIX (Moinho em vão)

Estávamos em Dezembro nos finais dos anos cinquenta, as noites estavam frias, a neve já tinha aparecido e pelas manhãs via-se o codão estaladiço nas couves-galegas do quintal. Era assim com naturalidade que se assistia ao rigor próprio do tempo, as alterações climáticas ainda não se faziam sentir.
Havia já alguns meses que o bacorinho tinha sido comprado desta vez não na feira mas a uma vizinha que tinha “botado” uma porca de raça. Agora depois de ter engordado com muitas baldadas de lavagem, tinha ido à faca, doze arrobas bem pesadas! Lá por casa na aldeia a rotina agrícola tinha então agora sido pontuada com a matança do porco, e com a desmancha  boa oportunidade para se encher a salgadeira e de ornar o saco da grande chaminé com o fumeiro.
O serão à luz da candeia foi predestinado para a feitura das chouriças, mouras, morcelas, salpicões e paios. Panelas, talhas e alguidares a postos com várias carnes em vinha d´alhos de lombo, pás, barrigas, caluba, rabada e os miúdos. A caseira veio ajudar, era trabalho de mulheres, a encher a tripalhada, que já tinha sido devidamente higienizada na levada no dia anterior, para que tudo ficasse pronto nessa noite. O meu trabalho era cortar os cordéis e ajudar a atar os enchidos. Estava-se a meio da tarefa e eis que minha mãe para, fica perplexa com um suspiro de preocupação e exclama: - Eh ó …(nome da caseira), esqueci-me de ir parar o moinho, a dorneira deve estar a ficar sem milho, e não pode ficar a moer em vão… Bem, alguém tem de ir lá. Ficava no ribeiro, que nesta altura de Inverno ia assanhado, a cerca de 15 minutos de caminho a passo lesto. Foi então a caseira que se predispôs a ir ao moinho puxar o pejadouro, e assim pôr a água fora do rodízio para que não ficasse toda a noite a gastar pedra, a mó tinha ainda sido picada há uns dias e os restantes consortes não veriam este descuido com agrado. Coube-me a mim acompanhá-la levando o lampião para cortar o escuro apesar de conhecermos bem o caminho.
Agora à distância vemos que o moinho da crónica está abandonado com toda a espécie de vegetação a abafá-lo bem como os outros que havia naquela linha de água. E o antigo caminho que lhe passa ao lado, que em documentos de há 150 anos era apelidado de estrada, (a actual estrada da minha terra que foi de macadame e agora é de alcatrão era ainda uma miragem) está intransitável. Tentei chegar ao moinho para registar uma imagem mas o silvado (ver imagem) não me permitiu apesar de ir munido de enxada e podão e muita força de vontade. O progresso do modernismo esqueceu estas memórias, ao menos sejamos nós aqui a perpetuá-las.
 

 

  Fiquem bem, antonio

25 de Novembro

25 de Novembro de 1975 a 25 de Novembro de 2009. Faz hoje 34 anos que se deram, em Portugal, acontecimentos que contribuíram para a História da Nação. Para relembrar a data e o que se passou, fui beber informação a 3 fontes que aqui vos deixo. Saudações tripeiras do Francisco.

 

25 de Novembro de 1975
DIÁRIO DE NOTÍCIAS ÁLVARO CUNHAL ESCAVAR EM RUÍNAS

Olhar o Porto - LXXXII (À sua descoberta)

Já por aqui referi que umas das razões da compra ao domingo do JN são as crónicas de Germano Silva sobre o Porto. Além de que mais de 50% do jornal passa-me ao lado – publicidade e futebol.
Neste blog onde vou intervindo com temas de vivências citadinas e rurais é também uma troca de saberes enriquecedores. É pena que não haja mais intervenientes, Franc. anda para aí numa cruzada de angariação de colaboradores mas eu já lhe disse que o pessoal está a ficar todo esfarrapado, já não mija em bica (esta ñ paga direitos de autor) de modo que não há que ter grandes expectativas.
Posto isto vamos então à crónica de Germano Silva que era sobre a vinda de D. João I ao Porto. A cidade, que tinha cerca de 7000 habitantes estava dentro do muro, leia-se muralha fernandina e o Rio da Vila ainda corria a céu aberto, actualmente está encanado debaixo da Rua Mousinho da Silveira como é sabido. Da crónica sobressaiu-me um aspecto curioso quando comparado com o que ainda há pouco tempo acontecia aqui no Porto. Dizia o cronista citando Fernão Lopes que os curtidores de peles da Rua dos Pelames deitavam as águas surras para o Rio da Vila que desagua no Douro, na Ribeira. Isto passou-se há 600 anos e ao ler isto veio-me à mente uma atitude dos nossos dias que acabou há 25 anos com Paulo Valada à frente da Câmara do Porto. Estamos a querer falar, por alturas do S. João, das camionetas com carneiros que vinham da Província, estacionavam na marginal durante dias entre as pontes Maria Pia e Luís I, os animais eram aí abatidos e as vísceras eram simplesmente lançadas ao Rio Douro. Era uma tradição arreigada, eu próprio na altura duvidei que que a determinação camarária fosse acatada, mas ainda bem que foi. Lembrei-me de trazer à liça esta salutar medida.

 

  Fiquem bem, antonio

Olhar o Porto - LXXXI (Passeio dos tristes)

Certamente quem eventualmente passe por aqui os olhos já teve esta mesma experiência. Quando se vai a um consultório médico ou laboratório de análises clínicas há sempre aquele compasso de espera que tanto maior é quanto mais pontual for o cliente, como é o meu caso. Então estar ali sentado à espera que saia é uma seca dos diabos!... Deitei o olhar em volta e lá está a mesinha a um canto com revistas da “societé” velhinhas na data mas não nos conteúdos. Peguei numa delas e helás logo na capa era anunciada uma entrevista a Helder Pacheco, historiador da cidade. A minha curiosidade afilou-se para o que diria esta personagem que trata por tu o Porto. O pensamento crítico de Helder Pacheco sobre as malfeitorias que se têm feito à cidade é conhecido. Ele próprio que se intitula um indígena nascido na freguesia de Vitória sabe que a cidade está a precisar de um abanão agora em sentido inverso ao que lhe foi dado a partir dos meados do século passado com o despovoamento do centro. Fala nos muitos cafés que foram fechados para virar bancos e que eram pólos aglutinadores de pessoas que contribuíam para a vida na cidade. E agora até esses balcões da banca estão fechados! Diz que o portuense tinha três sítios importantes na sua vida: o trabalho, a família e o café. Havia também, digo eu, local de lazer que assisti nos meus verdes anos, o portuense à noite ia com a família ver as montras da Baixa, dar o passeio dos tristes, era o slogan que se ouvia com ironia. Os manequins masculinos com as roupas da moda (Miura e Levis) e os femininos com as lingeries da época e corte de cabelo à Beatriz Costa, eram admirados.
Hoje a cidade à noite está deserta e isso cria insegurança até porque também não há policiamento visível, as centralidades foram erradamente deslocadas para outros locais da moda “shoppings”.
 

 

   Fiquem bem, antonio

É o bicho... é o bicho...

 

Hoje, decidi relatar um acontecimento verídico, uma cena digna de um filme de terror, sendo eu mesma a desempenhar o papel de artista principal o que me causou grande surpresa, pois desconhecia de todo, esses meus atributos artísticos.
Mas... antes de prosseguir com o desenrolar de todo o aparato e, para que não hajam sobressaltos nem danos irreparáveis, aconselharia a todas as pessoas sensíveis e, também àquelas que padeçam de doenças cardíacas a não tomarem conhecimento deste guião. Fica a recomendação.
Estava eu a dar aulas (a dar não, a vender), numa escola que se situava na encosta da serra da Freita. Era um edifício airoso, com uma boa exposição solar com uma única sala, um átrio e um espaçoso logradouro circundado por um muro em pedra. Leccionava no horário da tarde o 1º e 2º ano de escolaridade, com um total de 23 alunos todos eles crianças muito meigas, simpáticas e comunicativas. Éramos uma grande família muito feliz.
O episódio que vos vou relatar teve como cenário, precisamente essa escola.
Estava um dia muito, muito quente. Eu vestia uma blusa azul, com um decote em “V” e encontrava-me debruçada na secretária, a seguir atentamente a leitura dos textos dos meus alunos. De súbito, como por magia, algo muito estranho trespassou a abertura da minha blusa. Ainda o cérebro não tinha transmitido à minha mão, a descarga eléctrica necessária para agarrar o que quer que fosse, já eu com toda a minha energia , apertava violentamente algo que, de imediato, magiquei ser um pavoroso bicho. Então, em pânico profundo, corria de lado para lado, ora fora ora dentro da sala de aula, vociferando possuir um horrendo animal. Os meus alunos seguiam todos os meus passos como sombras, rodopiavam à minha volta suplicando “Professora largue o bicho”, mas eu ripostava “Nem pensar, não consigo”; contrariamente apertava-o energicamente mais parecendo o exterminador implacável.
A cena já durava há longos e penosos minutos quando interiorizei que tinha de solucionar a drástica situação. Então, numa tentativa de dar cumprimento ao pedido da pequenada e, com o fim, de dar término a tamanho degredo afastei a blusa do meu corpo o mais que podia, abrindo abruptamente a mão e... o misterioso bicho, vítima de tão grande opressão soltou o grito do Ipiranga, estatelando-se esgaziado no chão, com os olhos tremendamente cintilantes.
A gargalhada foi geral e uníssona. É que o horripilante e aterrador animal que contribuiu para tão grande desassossego não era nem mais, nem menos do que ....................................
Profundamente atónita olhava incrédula para a(o) malfadada(o).................. que causara tão grande penar!
 
Então, que pavoroso bicho contribuiu para amedrontar a jovem professora? Adivinhem...
 
Com as saudações desassisadas da Benilde
 
 

Cinema

Estou a chegar do cinema. É claro que já é quinta-feira, dia 19 de Novembro, e já foi ontem, dia 18 de Novembro que fui assistir à anteestreia de Julie & Julia. Foi um convite duplo que ganhei por ouir a Rádio Renascença e foi um serão bem passado. Explico porquê. Estou a escrever num blog, no blog que eu criei e a Julie modificou a sua vida por causa do blog que criou. O blog que a Julie criou abordava temas gastronómicas e muito especialmente os da famosa Julia Child. Esta, por sua vez, já uns anos antes tinha modificado a sua vida devido à publicação de um livro de cozinha. Resumindo, recomendo o filme a quem se quiser alhear da violência, do sexo, da acção, da ficção e do drama ou da tragédia. É que ainda por cima não deixa de ter cenas cómicas ou caricatas. E para os aguçar o apetite, aqui têm o link. Saudações tripeiras do Francisco.

Julie & Julia

 

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